Além de um banquinho e um violão.


Se me perguntassem há um ano atrás o que é MPB, eu sem pestanejar, responderia: “MBP nada mais é que um banquinho e um violão.” Talvez seja esse, o grande senso comum da população: um banquinho e um violão. E só depois de algum tempo, pude compreender que a MPB vai muito além disso.
A Música Popular Brasileira, que surgiu com o declínio da Bossa Nova na década de 60, possuiu a mesma importância dos primórdios do Jazz norte-americano em 1910. Arrastão, foi o pontapé inicial para o começo desse gênero abrangedor de tantas musicalidades brasileiras. O compositor do primeiro chute da MPB, e também percursor da Bossa Nova, é simplesmente Vinícius de Moraes, que além da Garota de Ipanema, contou com a inspiração de Iemanjá.
No mesmo período, surgiram os músicos novatos: Chico Buarque de Hollanda, Elis Regina, Os Novos Baianos, e Geraldo Vandré com o grande sucesso que o levou rumo ao exílio, em Pra Não Dizer que Não Falei das Flores.
A MPB não falou somente das flores. Protesto e amor se divergiam entre temas de diversas canções. Nesse período inicial o Brasil sofria com o Regime Militar, e muitos artistas tiveram de deixar o país, com suas letras carregadas de conteúdo moral e político.
Com métrica perfeita, e canções que exaltam a variedade de nossa música nacional, a MPB foi a sensação, e os novos cantores ficaram conhecidos nacionalmente e internacionalmente. Um exemplo disso é a música Garota de Ipanema, lembrada até hoje como sinônimo de musicalidade brasileira.
Anos depois, Cazuza, beirando o Rock’N Roll, e mais tarde, Jorge Vercilo e Vanessa da Matta trouxeram sangue novo para a MPB, com a renovação e inovação de ritmos em composições nostálgicas.
No atual século XXI, a americanização se tornou a nova onda. Músicas importadas vão ocupando as paradas de sucesso, enquanto a nossa Música Popular ocupa apenas o imaginário da mente juvenil tão limitada: “apenas um banquinho e um violão”.
Talvez um outro pontapé seja preciso para uma mudança mental, para uma mudança na valorização de nossa cultura.
Nossa poesia, musicalidade e história merecem uma melhor compreensão, e uma visão mais ilimitada e menos yankee. Sem clichês e paradigmas de que o é importado é melhor. Findando de vez com a imagem fixa daquele banquinho e daquele violão.