Café da Manhã


O café gelava na xícara. Tão puro e fumegante. Você estava calado, e de seus olhos saltavam lágrimas brilhantes. Nunca me disse adeus, nem nunca quis dizê-lo. Tantos nós entremeados no meio da garganta, o meio fio, o engasgo, o pedaço de pão no prato, a manteiga derretida beijando a beirada do prato quebrado. Eu a lambia, e lambia também o açúcar do café que outrora fora fumegante. Silenciados. A manhã brotava, como uma maçã vermelha e fresca que nasce de uma macieira em flor. Você chorava, e eu não sabia necessariamente o porquê. Seus dedos tamborilavam sobre a mesa de mármore, como num ritual angustiante. Ouvia o barulho dos carros que já seguiam pelo asfalto, ouvia o barulho de uns poucos pássaros que se sentavam nos galhos secos das árvores do quintal. Não fuja, eu sussurrava caladamente enquanto levava a xícara até a pia e a enchia com a água cristalina de eternidade. Terminamos nosso café em silêncio, bebericando nosso adeus, lentamente, sugando cada gota daquele momento orvalhado numa manhã de outono. Sentei-me novamente, e entre mágoas olhei-o, e ele olhou-me com olhos partidos, como quem está para rasgar o coração e entregar-me os pedaços. Foi então que ri. Era uma situação ridícula. O amor era ridículo. Nós éramos ridículos. Tão ridículos a ponto de chorar enquanto tomávamos nosso café. Havia tanta dor contida naquele riso, tanta mágoa, que o riso transformou-se em pranto. Não quer mais café? Murmurei, e ele respondeu-me negativamente. Não. Então, pensei em pedir para que ele não fosse embora e não me deixasse em meio a cafés e pães amargos daquela manhã, mas ele se foi e eu fiquei bebericando minha tristeza e umas poucas gotas do gélido café que sobrara em sua xícara.

Grito


Não quis gritar. O grito seco preso na garganta me arranhava aos poucos. Tentei libertar-me de mim, mas estava presa ao meu próprio corpo. Tentei libertar-me da vida, mas se o fizesse, estaria cedendo às prisões da própria morte. O vão da existência me consome aos poucos, me queima lentamente, lentas chamas que fazem meu grito entrar em ebulição. As grades em mim sufocam, como a fumaça faz com as pessoas que as aspiram, e eu me aspirava, e eu respirava e arfava continuadamente num ritmo lento, ritmo incessante, ritmo da vida. Sobre mim mesma não sei muita coisa, sei somente que urge este grito, e que ele me arranha aos poucos e corrói minhas entranhas, confusos nós de existência. O mundo segue em sua órbita, enquanto o universo se expande de uma forma monstruosa, a caminho do desconhecido, quiçás a caminho de Deus. E, quem sou em meio a tanto tudo e a tanto nada? Sou um grito, um grito de existência que continua existindo mesmo sem ter pedido para existir. Grito que está morrendo mesmo sem ter pedido para morrer. Sou, e me basta. Vivo entre estes nós de existir e entre a confusão de ser. Tudo está envolto num mistério tão milagroso, que a nós, nos são somente reservados o direito de indagar, pois, as respostas estão no desfazer dos nós que nossas existências carregam na alma. Respiro, e sinto uma energia poderosa em mim. Deve ser o milagre de "ser", num lugar onde apenas as chamas e as águas poderiam existir. Deve ser no mais pungente modo de indagar, onde somente os deuses poderiam ter este direito. Então sou, indago, e, é neste momento que sinto o grito escapando de dentro de mim, transformando-se em vento, que venta, no momento em que eu sinto o nascer de um novo anseio, o crescer de um novo grito.

Ritual Pagão

Seus olhos esbugalhados acendiam a escuridão como um fósforo a iluminar o caminho. Sentia o cheiro e seus instintos gritavam contorcendo seu ser, dando nós em suas entranhas. Uma ânsia profunda. Atirou-se para o lado, e outra ânsia lhe atingiu como uma facada cortando o silêncio sepulcral. Seu estômago se embrulhava e ao mesmo tempo seus poros fumegavam numa sensação quase sombria.

E, de repente, lá estava. Seus braços foram pegos com outros braços. Tentou fugir de si, agarrar-se em suas convicções, mas, não haviam convicções. Outra ânsia, e o peito já arfava continuadamente. Tentou se desvencilhar novamente, e sentiu outra vez os braços a agarrando. Garras unhando-a num ritual satânico. Virou a face, e sentiu uma boca quente em seus olhos, em seu pescoço, em sua boca, sugando-a, extraindo o último fio de resistência que lhe restava.

Num grito mudo caiu ao chão. E logo sentiu em cima de si o peso de um outro ser que a sugava grosseiramente, enquanto suas mãos percorriam os mais estranhos caminhos que ela jamais se atrevera a percorrer. Olhou para o alto e sentiu o olhar dele como um toque profano. Mais que depressa tentou desviar-se, mas ele a agarrou novamente, garras de bicho, e a forçou a encará-lo durante longos momentos.

Tentou se arrastar para longe, mas não conseguiu. Uma força superior a segurava debaixo do corpo daquele que a dominava com garras, braços e dentes. Outro puxão, pêlo com pêlo, e se viu completamente desprovida de proteção. Os dentes a mordiam e as unhas a arranhavam, fazendo-a sangrar mortalmente, gota por gota escorrendo por entre ambos, num ato profano e selvagem.

Tentou pensar, mas não havia consciência, havia apenas instinto, de modo que, logo estavam dançando a mesma dança de seus ancestrais mais primitivos como num antigo ritual pagão. As ânsias cessaram, e a sensação de poros a fumegar aumentou gradativamente, passo por passo, nota por nota até chegarem ao êxtase. Estavam mais próximos daquilo que os cristãos dominavam de céu.

Ela conteve um grito, e ele, bicho que era a feriu gravemente em seu interior. Caídos permaneceram, respirando ofegantes. Fora um ritual de purificação. Ansiavam por mais, porém, a consciência já os atingira de forma atormentadora. Vergonhosamente tentaram-se esconder de si mesmos, tapar as lacunas e limpar o sangue de carne pulsante que insistia em escorrer incessantemente.

Ele não a olhara apenas se levantara vagarosamente num adeus mudo. Ela permanecera caída, enquanto a vergonha fora dando lugar a mais plena sensação de paz que já sentira. Sua alma divagava por entre o suor e o sangue, por entre os ares da existência. Gemeu de contentamento, e então adormeceu nua, pura, com um sorriso pendendo de seus lábios. Havia conhecido a verdadeira evolução: ser bicho, mulher-bicho, unicamente bicho. E, foi assim, sem consciência, que ela soube o quão milagroso era sê-lo.

O Suicídio de Gusmão

Gusmão tinha aproximadamente quarenta anos, alguns cabelos brancos e nenhuma vontade de viver. Para ele, a vida era um mistério inútil, e a Terra, um mundo de loucos plenos. Loucos estes que Gusmão fazia questão de dividi-los em categorias: os loucos que acreditavam demais em divindades, os loucos céticos demais, os loucos que, segundo sua opinião, em vão tentavam desvendar o obscuro universo e tudo o que fizesse parte do mesmo, e os loucos, que para ele eram os mais sãos, que levavam a vida por levar, viviam por viver, e assim era Gusmão, um homem que existia, apenas.

Certo dia, nosso querido protagonista decidiu se matar. Afinal, ele não mais suportava o inferno que era existir. Ter de se manter vivo, comendo, bebendo e respirando, era para Gusmão rituais muito cansativos. Além de claro, o fato de que todo o ser humano, não vive sozinho, consequentemente todo homo sapiens, na maior parte de sua vida, deve se sociabilizar, utilizando meios para tal fim. Um desses meios é a linguagem, e Gusmão, odiava quaisquer sonidos provindos das pregas vocais. Era difícil e igualmente cansativo como respirar, o ritual da fala, pois, é preciso haver sincronia entre a fala e os pensamentos, cordas vocais e massa cefálica em junção, sendo esta, uma tarefa difícil para um simples mortal com uma imensa vontade de morrer.

Quando Gusmão decidiu ir desta para uma melhor, ficou imaginativo pensando em uma forma poética e bonita de se matar. Gostaria de poder morrer como grandes personalidades que suicidaram-se por ingestão de barbitúricos, mas Gusmão sequer sabia o que significava a palavra "barbitúricos", então, decidiu-se morrer por consequência de algo cujo significado fosse conhecido pelo suicida.

Naquele mesmo dia, Gusmão viu na tv um homem muito famoso que se matara com um tiro nos miolos, nesse momento, ele rapidamente pensou que com um três oitão nas mãos poderia fazer um grande estrago em sua massa cefálica, que pouco utilizava, e assim, poderia ir voando para os braços do Criador. Esta foi uma má ideia, já que poderia ficar irreconhecível perante seus parentes e amigos próximos. Mas, que amigos? Que parentes? Gusmão era um homem só, e gostava de ser só, pois desta forma, morrer se tornaria uma tarefa fácil, já que quando fosse para o céu, ou quem sabe, para o inferno, ele não levaria nenhuma imagem de um ente querido em suas lembranças. Mas será que nosso protagonista teria lembranças depois da morte? Será que ele continuaria existindo depois de um tiro no cérebro ou alguns barbitúricos no estômago? Estas questões perturbavam nosso Gusmão, que rapidamente tratou de afastá-las logo que elas surgiram em sua mente. Era melhor não raciocinar, quem muito raciocina pega gosto pela vida e fica temeroso perante a morte. Era melhor somente planejar a melhor forma de seu suicídio, se é que o suicídio possui uma melhor forma de ser efetuado.

E foi com um crescente medo da desistência da morte, que Gusmão, decidiu ir apressadamente à farmácia mais próxima. Caminhou a passos largos, observando os loucos transeuntes. Covardes, pensava Gusmão, vivem com medo da morte enquanto eu me entrego plenamente à ela. E assim ele seguiu, até entrar na pequena farmácia da esquina e deparar-se com um atendente cuja expressão era de profundo mau humor. Gusmão então pediu-lhe calmantes, dez caixas, por favor, melhor vinte. E assim, o atendente pseudo-farmacêutico quis logo o dinheiro antes que algum fiscal da saúde, muito raro por aquelas bandas, entrasse em seu estabelecimento e tentasse averiguar a situação de medicamentos ilegais fornecidos sem receita médica. E foi com mais pressa ainda que Gusmão seguiu para seu velho apartamento, e enquanto seguia, imaginava o êxtase do exato instante em que deixaria de ser um homem e passaria a ser... bem, Gusmão não sabia o que seria depois da morte, apenas sabia que deixaria de ser humano, e isso já lhe agradava e aquecia a alma.

Já nas redondezas de seu apartamento, Gusmão teve um relampejo de pensamento que em voz gritante que questionava o motivo de ele estar desistindo de tudo. Não seria ele o covarde, de viver com medo da vida e por isso se entregar confortavelmente aos braços da morte? Bem, Gusmão não quis saber de pensar, foi logo abrindo a porta do apartamento e se dirigindo até a cozinha. Encheu dois copos d'agua e abriu as caixas de remédios. Em seguida tomou um por um, num êxtase profundo, mergulhado numa alegria tão plena, que Gusmão até teve medo de se apegar a tais sensações e não mais querer morrer. Ingeriu gota por gota da água, comprimido por comprimido, enquanto repentinamente foi perdendo os sentidos. Em poucos minutos, estava caído por sobre o chão da sala, esperando inconscientemente a morte com uma forca e um manto preto buscá-lo. Porém, o que Gusmão não desconfiava é que uma mulher, a passar pelos corredores do prédio em que morava, o vira estirado inconsciente sobre a sala, e ela somente o vira, porque Gusmão, tão extasiado com a possibilidade da morte, deixara a porta de seu apartamento aberta. Em poucos minutos ele estava na ambulância a caminho do hospital.

Dez dias internado e nenhuma sequela. Qualquer pessoa se sentiria feliz, mas Gusmão, não. Buscou outras formas de se matar, mas nenhuma delas parecia eficaz o suficiente para levá-lo ao caixão. E foi buscando eficiência que este suicida de fios brancos deciciu comprar um revolver potente, já que uma metralhadora por aquelas bandas era algo raro e caro para um homem de posses limitadas como ele. Seguiu a pé em busca da sua salvação. Naquele dia Gusmão havia se decidido de que para algum lugar ele iria, céu ou inferno, mesmo ele acreditando que tais lugais eram extremamente desproporcionais e que os atos dos homens não mereceriam tanto.

Fumou alguns cigarros na estação e depois entrou no metrô. Sentou-se. Esperou calmamente os minutos se passarem, arrastando-se e levando sua vida juntamente com eles. Decidiu cerrar os olhos e imaginar como seria ter aquela escuridão para sempre. Que maravilha! Algo esplendoroso o esperava e ele mal pôde crer que faltava-lhe apenas o instrumento para levá-lo à escuridão eterna. Enquanto pensava, Gusmão viu entrar no metrô uma mulher. Estava vendo-a apenas de costas, assim pôde ver que ela possuía bonitas e longas pernas torneadas e bronzeadas que contrastavam nitidamente com a saia branca e a blusa vermelha que vestia. Belas costas, pensou Gusmão. E logo nosso suicida pôde ver que seu rosto, seios e cabelos eram mais bonitos que suas costas. Ela se sentara a seu lado, e para surpresa de Gusmão, tentava conversar com ele.

Foi assim que Gusmão percebeu que havia tanta vida em seus lábios vermelhos e em seus olhos rasos e grandes, que teve medo de morrer. Mas, logo seu medo se dissipou, pois ela descera na próxima estação, e ele se viu só novamente, sem esperanças para viver. Enquanto o metrô se arrastava, Gusmão encontrou no banco ao lado, onde a moça das pernas torneadas se sentara, um pequeno papel branco. Decidiu abri-lo, sabia que era feio abrir correspondência alheia, mas ele iria morrer mesmo, tinha o direito de fazer o que lhe desse na telha. E foi abrindo tal papel, que Gusmão encontrou um número de telefone e um nome, ambos escritos em letras negras, "Márcia". Num sobressalto, Gusmão decidiu embarcar no próximo metrô de volta para seu apartamento, tinha curiosidade de saber se a tal Márcia era a mesma gostosona do metrô. Seria a última coisa que ele faria antes morrer, afinal, ele tinha esse direito, não tinha?

Tentou ligar, porém, estava inseguro e envergonhado para realizar tal tarefa. Tentou se acalmar, e duas horas depois, o telefone da tal Márcia estava chamando. Um alô tímido, e algumas trocas de informações pessoais foram o suficiente para nosso Gusmão marcar um encontro com Márcia, que para a surpresa de nosso protagonista, era a mulher de lábios vermelhos do metrô.

No dia combinado Gusmão foi ao encontro da mulher, usando trajes formais e perfume importado, nosso herói chegou até o restaurante, levando algumas rosas vermelhas. Gusmão se dera ao luxo de vê-la, pois seria o último ato importante antes de claro, suicidar-se.

A conversa foi boa e só terminou no quarto de um motel barato no meio da estrada. Ela era linda, e aquele fora apenas mais uma regalia que ele dera para si mesmo, passar a noite com uma linda mulher, e desta forma poder morrer em paz no dia seguinte. Porém, quando o dia seguinte chegou, Gusmão estava pendurado ao telefone conversando com Márcia. Mais uma conversa apenas e então se suicidaria. Apenas mais um encontro e amanhã morro. E assim, sua morte foi sendo adiada a cada dia, estava apenas vivendo, e como era bom viver! Desta forma, a vida foi ficando fácil de ser prolongada, e a morte foi deixada para cada dia seguinte.

Passaram-se meses, e Gusmão, mais vivo que nunca, decidira deixar de lado toda aquela bobagem de suicídio. O céu nem o inferno eram o caminho que Gusmão queria para sua vida, agora, ele queria mesmo era sentir o céu e as carnes macias de Márcia. E assim, decidiram-se casar. Estavam apaixonadíssimos, e com vontade plena de vida, sabe como é quando se amam, e assim eles se sentiam: amantes, elouquentes e felizes. A vida era uma dádiva e a morte apenas algo inevitável, porém, algo que Gusmão tinha medo, algo para o futuro, pois, o presente estava ali, e era Márcia.

No dia do casamento, Gusmão vestiu-se como um noivo bem vivo deve vestir-se: gravata borboleta cor de sangue, sapatos brancos e terno brancos. Perfumou-se bem, entrou numa limusine e enquanto pensava na noiva já vestida toda de branco, pronta para ser sua esposa, sentiu um baque no peito, acreditou que fosse apenas emoção, felicidade demais para um homem que fora tão inerte e tão suicida como ele fora em tempos muito remotos. A limusine seguiu, e o mundo começou a girar mais depressa. É essa a sensação, pensou Gusmão, sensação de estar plenamente vivo, sangue pulsando nas veias, jorrando pelas artérias, coração saltitante demais, demais, demais... e de menos, estava parando aos poucos, os olhos amoleceram, e a respiração ficou fraca dentro de segundos. Agora, Gusmão sabia qual era a sensação plena da morte. Ao desconfiar que estava morrendo, entrou em desespero, porém, foi em vão desesperar-se. Dentro de alguns instantes, morreu sentado na limusine. Conseguira o que tanto buscara, a morte, e agora sabia que ela não era tão boa assim. E enquanto o motorista seguia com um cadáver no banco traseiro, Márcia, vestida toda de branco esperava incansavelmente seu noivo Gusmão .

Lua Nua

A
... lua
.........Soturna
................Tão clara
...................Tão nua
..................... A pintar o céu
.......................Lua de mel
........................Lua de fel
......................... A lua que
...........................se esconde
.........................Detrás da
....................nuvem escura
................. A lua nua
.............iluminando
........a ru-
... A

Velho Louco

"Permitir-me ser louca,porque todo mundo é, e piores são aqueles que não sabem que são, porque ficam repetindo apenas que os outros mandam."

(Paulo Coelho; "Veronika Decide Morrer")



Ele gritava e sua voz rouca ecoava na alma dos passantes daquela estação. Sua voz grave cortava o silencioso burburinho dos transeuntes que apressadamente seguiam a direção do próximo metrô. Eu ouvia. Ele era um homem e gritava. Ele era um grito e existia. Suas palavras desconexas seguiam sem direção penetrando nos ouvidos dos passantes incomodados com o "senhor dos gritos". As mulheres corriam com seus saltos altos coloridos e casacos de pluma. Os homens riam. Ele é um louco!, diziam. Um velho louco! Internem este homem! E ele,continuava a berrar aos quatro ventos, palavras desconhecidas, urros, lamentações sem sentido, gemidos amargurados. O mundo parou para ver o homem gritar. O mundo. Quê mundo? Aquele mundo, das mulheres de saltos altos, dos homens de ternos e cabelos penteados. Aquelas pessoas que andavam e que iam para o trabalho, que ganhavam e compravam uma nova tv, que ganhavam e compravam um carro do ano, um casaco de pele de uma chinchila ou de um guaxinim talvez. Eram aquelas pessoas que riam do infeliz homem sentado em meio a tanta gente normal. Aquele louco dos cabelos cinzas e olhos rasos que ouvia os passos batendo no chão. Parece um bicho!, surrussou uma senhora. E ele continuava a berrar, enquanto o mundo girava, enquanto as pessoas normais continuavam a matar chinchilas e outros animais, a trabalharem para comprar, a usar a miraculosa razão e inteligência para levar o progesso para a sociedade juntamente com a ordem é claro; destruindo tudo o que for um impecilho para a maravilhosa evolução do mundo. Afinal, é preciso, não é? É preciso destruir e é preciso rir dos loucos que gritam. E enquanto o mundo parara para ouvir seus gritos, o velho parara para ver a destruição do mundo. Seus lamentos eram por aquela gente que cortava a estação. Quem era louco, a sociedade da evolução ou o velho grisalho? As pessoas não sabiam e jamais poderiam desconfiar, mas o velho se sentara para ver a loucura do mundo, a insanidade da sociedade, e o mundo gritava estampando o rosto das pessoas. Fui para casa naquele dia, com a voz do homem latejando em minha mente. Coloquei para tocar uma música do Nirvana, e enquanto ouvia, me senti como aquele velho, incurralada pela falsa normalidade dos outros, e então, gritei.

Desmayarse


Desmayarse, atreverse, estar furioso,
áspero, tierno, liberal, esquivo,
alentado, mortal, difunto, vivo,
leal, traidor, cobarde y animoso;

no hallar fuera del bien centro y reposo,
mostrarse alegre, triste, humilde, altivo,
enojado, valiente, fugitivo,
satisfecho, ofendido, receloso;

huir el rostro al claro desengaño,
beber veneno por licor süave,
olvidar el provecho, amar el daño;

creer que un cielo en un infierno cabe,
dar la vida y el alma a un desengaño;
esto es amor, quien lo probó lo sabe.


Lope de Vega

Escrito em 23/04/09

Estou bem. O sol continua nascendo no leste, o motorista continua saudando-me com "bom dia" às 6:15 da manhã, algumas oportunidades continuam surgindo, o pão continua derretendo a manteiga na mesa do café, a família sentada nas cadeiras e os amigos no banco. Tomamos refrigerante. Tomamos esperança. Eu estou bem, porém incompleta. E não sei se algum dia estarei totalmente preenchida. Talvez não.


Atemporal para mim.

Éro(s)tique


Quando tu te põe em mim,

Sinto o arfar de teu peito morno,

Que num suspiro sem fim,

Seca minha boca, molda meu contorno.


Saliva em minha pele cálida,

Abriga tu'alma em minh'alma

Me toca com língua tão ávida

Sustenta o anseio e a calma.


Fluímos de poros suados,

Famintos, movendo-se em ardor,

Gritando tão desesperados,

No ápice do profano amor.

Beni e os Cabeludos de Outrora


Á frente de uma paisagem marinha, grandes ondas debaixo de um celeste azul do céu, surge nosso herói: Bernardo Antunes, mais conhecido como Beni. Homem alto, de barba por fazer, grandes olhos e pés descalços, está a carregar uma bandeira, que o forte vento da maresia faz questão de agitar ao alto de sua cabeça.

Ao seu redor, homens e mulheres, vestindo roupas sugestivas, barbudos, cabeludos, coloridos. Bando de loucos corrompidos, diria a sociedade conservadora se os visse do modo como eu os vi, a carregarem não somente seus trajes, não somente suas bandeiras, mas também suas esperanças, seus desejos e o frescor de suas loucuras no auge da juventude. Carregam dentro de si o anseio de que podem mudar tudo, inclusive o mundo. São revolucionários, revolucionários pacifistas, que neste instante estão virando à esquerda para queimarem seus antigos aparelhos eletrônicos, enquanto no Vietnã soldados guerreiam. Eles queimam, pois quanto mais você tem mais você quer ter, e até conseguir tudo o que almeja você não estará livre.

Os foguetes estão partindo rumo à lua. As donas de casa estão comprando novas máquinas de lavar. Os homens de gravata estão cuidando de seus negócios. Soldados morrem no Vietnã. E os hippies queimam. Eu estou aqui, exatamente no ano de 1967 vendo-os queimar todo o símbolo de uma sociedade capitalista. Ninguém os vê, apenas eu, estou escondida atrás das ondas grandes que insistem em se debater contra as pedras. Beni está lá, e eu bem sei que após dois anos deste ritual que presencio, Beni estará em Woodstock, assistindo Janis Joplin, Grateful Dead e tantos outros artistas, por apenas dezoito dólares e o dinheiro da passagem para Bethel, dinheiro este que conseguiu vendendo seus artesanatos nas proximidades de sua tenda.

Os contra-cultura estão partindo agora. Seus acampamentos localizam-se a aproximadamente dois quilômetros de onde deixaram o fogaréu a céu aberto. "Paz, amor, felicidade" grita Beni, aos quatro ventos. Todos sabem o quanto a ditadura os inibe, afinal, para o sistema, eles são apenas drogados e loucos, que vivem carregando seus instrumentos musicais sobre os ombros, e caminhando com um baseado entre os dedos rumo ao sol. "Eles são hippies e não tomam banho", dizem as famílias de "bem". Beni ri, e eu sei que no auge de sua "loucura" ele consegue compreender o mundo como ninguém mais. Ele vê o que ninguém vê. O consumismo exacerbado iniciado há décadas atrás, que só se agrava com o passar do tempo, uma ganância que todos passaram a aceitar. Um conformismo que atingiria até a juventude. Modo de vida desumano. "É melhor ser bicho do que ser humano, ser bicho é ser livre, ser humano é viver sob uma ditadura capitalista." - dizia Beni, sempre que alguém questionava sobre seus ideais.

Eles cantam e tocam, e agora eu os vejo debaixo de chuva, ostentando sua bandeira hippie. Eu ainda os sigo, estão felizes como nunca. Tomam LSD para se anestesiarem, não suportam toda a merda no que o mundo tem se transformado. Fazem magia, jogam tarô, dançam com o vento. São livres da maneira como podem. Livres para amar e para cantar numa tarde chuvosa como aquela. Beni beija uma garota na boca, e logo estão enroscados sobre a areia fina. No dia seguinte estarão num pequeno centro urbano, tocando e fumando ao ar livre.

"São birutas" - dirão os passantes que os virão sentados no chão, "Birutas e drogados", Beni rirá novamente, pois é idealista e revolucionário, é pacifista, e entende o mundo como ninguém. "Cada um utiliza de sua própria droga pra se anestesiar, vocês consomem produtos, nós tomamos LSD e nos libertamos de vocês."

Com o passar dos anos, Beni adoecerá. Com o passar dos anos a sociedade passará a enfrentar problemas decorridos de nossos próprios atos, desde a violência até o aquecimento global. Anos se passarão. Décadas. Beni está lá agora, e depois de Woodstock ele é chamado de velho louco. Ainda ri, mas agora, ri apenas para esconder toda a mágoa que apossou sua alma. Sua ideologia ainda existe dentro de si. É livre, apenas mentalmente. Está só agora, ninguém mais quer mudar o mundo, nem mesmo os barbudos e cabeludos de antigamente. São capitalistas agora. Usam outras drogas, tomam outras bebidas, esqueceram-se de que um dia foram jovens, de que um dia foram hippies.

Beni está só dentre tantas pessoas que passam por ele num calçadão movimentado de uma metrópole. Ele não mais vive, sobrevive com o pouco dinheiro que consegue através de seu artesanato. Ele sabe que não mais poderá mudar tudo como acreditava. Beni está lá, caído no chão, recebendo as moedas, não para poder ir para Woodstock, mas para sobreviver durante a próxima semana, ou o próximo dia. Ele é mais uma vítima do capitalismo, mas eu sei que não venderá sua alma. Eu temo por sua infeliz morte, mas só a morte traria a liberdade dos velhos tempos, quando em 1967 Beni e sua comunidade queimaram seus aparelhos numa praia deserta. Eu estou disfarçada, não atrás das ondas gigantecas, estou atrás do muro, vendo-o sofrer por ainda ser fiel às suas ideias, enquanto eu as vendi por algum dinheiro na rua de cima, e agora faço parte do sistema.

Mas, ainda tenho esperanças, como tive décadas atrás. Ainda carrego guardado no mais profundo de minha'lma a liberdade, meus desejos e a esperança de que algum jovem seja tão louco e tão são, que tenha a coragem de ansiar mudar tudo, mudar o mundo, assim como Beni ansiou. Pois enquanto houver uma única pessoa com ânsia de revolução, o mundo não estará totalmente perdido.

A Partida

Ele estava parado à soleira da porta, os olhos fixos num ponto qualquer do infinito. Recusava-se a enfrentar o silêncio que havia tomado aquela madrugada etérea e dolorosa. Apenas um único som se atrevia a cortar penosamente o mudo sepulcral no qual tudo estava envolto, um som contido e gritante, um som de choro. Choro que derramava sangue fresco, cintilante, vermelho escarlate.


“Ela está partindo”, ele repetia mentalmente para si mesmo. “Ela está partindo”. As janelas abertas, as cortinas se agitando no ar. O quarto estava imerso em uma escuridão plena, contudo, ele ainda podia vê-la. Os cabelos despenteados, caindo-lhes na testa, as lágrimas pingando incessantemente no assoalho. As roupas sendo cuidadosamente arrumadas numa mala aberta em cima da cama amarrotada. Ele tentou esboçar uma palavra, tentou esboçar um grito mudo, um choro, mas não pôde. A dor atingia-lhe as entranhas em sua forma mais cruel e violenta. “Ela está partindo”, conseguiu sussurrar depois de minutos em meio ao breu.


Nas paredes, cópias de quadros de Renoir, Monet e Rouart. Todos que ela fizera questão de adquirir. Era fã do Impressionismo. E agora, estava indo embora, e levando todas as lembranças e quadros dentro de sua mala.


Ao terminar a árdua tarefa da despedida, ela olhou e fixou os olhos nele, que fora seu amante em tantas noites obscuras e silenciosas como aquela. Ele que fora seu amado, seu erro e seu acerto, sua absolvição e seu pecado. Com dificuldade, ela encontrou no fundo de seus olhos, obscurecidos, a angústia do adeus, e por um único instante se arrependeu de deixa-lo. Viu um misto de paixão e perda, tão grandes, que teve medo de viver sem ele. Ela podia ver a si mesma no interior daquelas íris tão escuras.

Num ato rápido, ela pegou sua mala, e parou perante a soleira da porta. Assim como ele, não havia palavras que podiam expressar todo o turbilhão de sentimentos pelo qual estavam passando naquele momento. Sussurrou apenas um adeus, meio envergonhado, meio calado e rouco. Ele tentou retribuir, mas uma lágrima escorreu de seus olhos, brilhando em meio à escuridão. Queria senti-la pela última vez, e recolhendo todas as forças que lhe restavam, tomou uma de suas mãos, e colocou-a em sua face. Ela sentiu sua barba por fazer, que tantas vezes roçara seu corpo nu. Ela sentiu a textura de sua pele, e seus olhos se escureçam de paixão.


Se enlaçaram num beijo profundo, profano. Ambos inquietantes, desejosos, apaixonados, levados por uma dor e um amor maior que eles mesmos. A mala foi deixada de lado, assim como os medos e todos os receios. O amor falava mais alto que tudo, mais alto que ambos, mais alto que a própria razão. Fizeram amor, paixão e dor. Fizeram paz e ódio. Deitados naquele assoalho empoeirado, eles sucumbiram à entrega total, à irracionalidade, à selvageria dos instintos mais primitivos que habitava o âmago mais profundo de ambos.


Ele sabia. Ela sabia. Ambos sabiam o que deveria ser feito, mas não se importavam. Estavam ali, naquele instante, e desejavam retirar dele sua seiva suculenta. Desejavam morder a carne crua e exposta, desejavam penetrar um ao outro, não somente nos corpos, mas também nas almas.


Após longas horas, ela dormiu exausta, desmaiada nos braços do homem que acabara de amar. Ele durante algum tempo ficou acordado, observando-a, sorvendo sua beleza em pequenos goles. Antes de também adormecer, olhou pela janela, e viu a imensidão negra do céu. Havia milhões de estrelas, ele sabia, e havia milhões de amores em si, mas nenhum que fosse comparado àquele que sentia pela mulher que dormia em seus braços. Neste átomo de segundo, ela acordou por um e fitando-o, sorriu. Ele então viu vida em seus olhos, e tantas coisas tão inexplicáveis, que por um instante julgou ser amor. No instante seguinte, adormeceram.


Os primeiros raios de luz invadiram o quarto. As janelas permaneciam abertas, enquanto o vento continuava a balançar as cortinas. Logo, ele acordou, e ao olhar para seus braços á procura dela, se deparou com um vazio, não somente ali, mas em seu coração. Então, ele pôde constatar aquilo que sempre soubera: ela havia partido.

Indigente do Sistema


O que fora feito de nós, escravos do sistema, denominados de humanos? Venderam nossos sonhos, picotaram nossas esperanças, queimaram nossa dignidade, em troca de papel codificado, de dinheiro rasgado. Fomos cimentados sob uma ilusória civilização. Marcados e numerados, quer queiramos ou não. Sobrevivendo numa pseudo-liberdade de coisas e cores, contas e frágeis temores. Sobrevivendo sob o medo e a ameaça, imposta por medrosos e ameaçados. E tudo aquilo que compramos, e tudo aquilo que cultivamos, não nos fazem enxergar que estamos sendo comprados, que estamos sendo tapados, dizendo adeus à racionalidade.


Um trabalho repetitivo, um não, dois ou três, para o pagamento no fim do mês, para o consumo excessivo de coisas que num estalo não são mais coisas, viraram lixo. Pão e circo aos pobres coitados, e uma tv de 42 polegadas. Anestesiados, para que não sintam todo o desmatamento e dor no qual o mundo tem se transformado. Chamados de cidadãos, qualificados pela suas contribuições em dinheiro, pelas suas condições de consumo.


Por isso, peço que me mate, por favor, sem julgamentos. Arranque minha sobriedade com unhas e dentes. Sou indigente, indigente deste mundo comandado por um sistema denominado capitalismo.

Em Busca de Identidade


Se me recomendassem algum filme nacional há meses atrás, eu torceria o nariz pelo simples fato de o mesmo ser um longa originado em terras brasileiras. Mas, após ter tido a oportunidade de assistir a alguns filmes “produzidos aqui”, joguei todo meu preconceito fora, e hoje, faço questão de sempre assistir filmes nacionais.

De certo modo, “Nome Próprio” foi um desses filmes que chamou minha atenção nestes últimos tempos. Camila, a personagem principal é uma aspirante a escritora que possui um blog na internet. Porém, Camila é mais que isso, é um enigma, um caos, que despeja na internet todos os seus medos, anseios, frustrações e amores. Ela é a protagonista do filme, que foi baseado nos textos e blogs da escritora Clarah Averbuck.

A história começa a se desenrolar quando Camila é expulsa da casa de Felipe, seu então namorado. A partir daí, a blogueira se vê envolta a uma atmosfera afetiva bastante intensa, enquanto perambula pelos bares da cidade em meio a cigarros, anfetaminas, bebidas alcoólicas, sexo casual, poesia e uma busca eloquente pela ficção. Entre Bukowski, Leminski e John Fante, Camila se vê em busca de si mesma, de sua identidade roubada, de seu nome próprio.

Vencedor do Festival de Gramado como melhor filme em 2008, “Nome Próprio” conta com a direção de Murilo Salles, e com a maravilhosa atuação de Leandra Leal, que recebeu dois prêmios de melhor atriz, um pela Academia Brasileira de Cinema, e outro pelo Festival de Gramado.

Um longa explícito, surpreendente, que choca e ao mesmo tempo sensibiliza o telespectador. Uma mostra de que o cinema nacional, pode e muito, alçar a credibilidade que merece. Sem preconceito ou torções de nariz.

Fogos de Artifício


Ano novo sempre vem acompanhado de taças, champagne, fogos de artifício, uvas, brindes, risos e muita, muita esperança para uma nova translação que se inicia a partir da meia-noite. Tive a oportunidade de passar esses momentos pré-ano-novo ao lado de uma parte de minha família que reside em Campinas, no interior do estado de São Paulo, próximo a Mogi Mirim e a 342 km da cidade de São José do Rio Preto, onde sempre residi desde minha natalidade.

Os fogos de artifício foram o que mais me chamaram a atenção na passagem de ano. Devido a arquitetura e o modo de construção da maioria das casas do bairro onde fica a casa de minha bisavó (local onde virei de ano velho para novo) é facilitada, e muito, a visualização destas pequenas obras de arte, barulhentas (ou não) e coloridas que borbulham no céu, assim como a bebida em nossas taças.

Eu que sou interiorana e puxo o R como qualquer caipira, fiquei admirada com a comemoração e com a cidade de Campinas, apesar de já ter tido a oportunidade de ir para lá uma vez a cada ano. Contudo, nunca pude reparar profundamente seus grandes prédios, a enorme Igreja, localizada no centro da cidade, os camelôs que são uma maravilha para garantir a pouca gastança, e o shopping D. Pedro, o maior da América Latina, onde se pode perder-se e encontrar-se diversas vezes, devido ao seu tamanho gigantesco.

Lá é centro urbano, com túneis, cara de metrópole, e medo de violência como em qualquer grande centro. De fato, nesses dias pude entender que a tranqüilidade do interior não tem espaço nas grandes cidades, e que fica restrito apenas a pequenos e médios centros urbanos, como é o caso de minha cidade, que é centro regional de comércio, possui prédios, mas, onde a violência ainda não é um incômodo tão saliente. Porém, não vamos nos prender a construções e características, voltemos ao Ano Novo. Ah, Ano Novo, que já não é tão novo assim, hoje completa 10 dias que ao meu ver, passaram tão rápido quanto uma nave espacial na velocidade da luz.

Para recebê-lo usamos roupas brancas, brindamos debaixo de um céu nublado e escuro, e ouvimos muita música dançante, enquanto ensaiávamos alguns passos cambaleantes entre a porta da cozinha e a varanda da casa de minha bisavó. Logo borbulharam os fogos no céu, e meus primos, fizeram questão de também deixar a marca de nossa festa na escuridão da noite.

A escuridão logo cedeu lugar aos primeiros raios solares que inundaram nossos quartos e olhos, no primeiro horário da manhã. No dia seguinte, restaram as lembranças, a alegria, o gosto amanhecido de champagne na boca, os olhos borrados e principalmente a esperança para este novo ano que se inicia e que traz consigo tão boas vibrações.

Desejo a vocês, leitores do blog, um Feliz Ano Novo, com o branco da paz, os fogos de artifício da esperança, o champagne da alegria e que o positivismo daquela meia-noite esteja sempre dentro de nós como uma luz, para nos guiar por entre os caminhos deste ano que se inicia.

...e que seja muito bem-vindo 2011!