Entre o pó e os Hipsters


Eu sempre busquei por livros legais nas prateleiras infinitas das bibliotecas. Sempre procurei encontrar, romance, amor obsessivo e lascivo e ódio em um só volume. E encontrei. John Fante pra mim é o cara. E o livro "Pergunte ao Pó", posso dizer sem nenhuma hipocrisia que se não é o melhor é um dos melhores que eu já li em toda a minha vida.

Não dá pra não se apaixonar por Arturo Bandini, aquele descendente de italiano, malvado e tão bonzinho. Simplesmente paradoxal. Eu me identifiquei, e fumei junto com ele o mísero cigarro que ele resgatou do chão, beijado por outro alguém. Eu mastiguei sua nicotina, e escrevi suas cartas. É como entrar na história, e não mais querer sair. Como eu poderia não amar Bandini? Impossível. Aquele escritor de "O Cachorrinho Riu", aquele escritor falido antes da fama, e tão talentoso. Eu entrei em transe, e vivi Los Angeles, respirei seu pó.

Torci pelo ódio e o amor de Camila e Arturo. Não há nada melhor do que uma dose embriagada de Fante. E foi através dele, que conheci realmente o movimento Beatnik, e toda sua maravilhosa forma de escrita e seus "e"s e os palavrões e a enxorrada de sentimentos despudorados e poéticos. Seus hipsters de um puta talento. Seus escritores malditos do pó, eu devo minhas palavras à vocês, e devo meus dias de alegria e infelicidade na frente de teclas, na frente de uma maravilhosa imensidão de sentimentos que brotam e desabrocham e caem pra fora de mim. Poizé, eu encontrei, eu encontrei, eu encontrei. Foda-se todo o resto.

E voltando ao pó, Colin Farrell é Arturo Bandini, na versão cinematográfica do romance. Salma Hayek é Camila López, e o resto o pó fez questão de apagar.