Três esboços



I

O verdadeiro amor...
Não é efêmero
Não se esvai com o tempo
Não é de momento

O verdadeiro amor...
É embriaguez sacrílaga
Almas fundidas, caídas
Entregues e vívidas

Dispensa dicionários
Ou qualquer outra objecção
É forte e puro
Verdadeiro e sem explicação


II
Você perambula meus sonhos
Incapaz de ausentar-se de minh'alma
Que sufocada, cansa
E só estando em tua presença, se acalma

Num rugido imerso em águas mansas
Respirando o ar que plúmbeo avança
Entre o peito palpitante e vigoroso
Caindo num poço róseo de lembrança

E se te carrego prensado na existência
Esqueço na imensidão de me perder
Em seus olhos que me fazem tudo creer
Em minha vida, que resumida, passa a ser você


III
Que o vento te leve, como levam as jangadas
Que te faça relento com a chuva molhada
No céu azul, tenro de vida
Nas façanhas de uma e outra aurora colorida

Te embargue de paz para viver o eterno
No despertar de um sonho, numa outra realidade
Entre o reverso da alma
Na vivência despetalada, que acalma

Que o vento te leve, cheio de sentimentos
Que te abrace fluindo seus nós de momentos
Entre o fluxo de Éden mesclado
Com a eternidade abraçada ao seu lado


Nayara Marques.