Definições Vãs


Sou petulante, birrenta, metida e chata demais. Tenho um rei na barriga, e mais duas rainhas. Gosto de achocolatado quente ou frio, dependendo do meu humor. Prefiro o confortável ao elegante, por isso sou a favor do uso de tênis, não de saltos. Ando olhando para o céu, talvez porque meu mundo seja a lua. Se eu me desse bem com a matemática e a física, seria astrônoma. Sou de julho, canceriana chorona, dramática e sentimental. Não sei fazer amigos. Não sou boa de papo. Sou apaixonada pelo diferente, pelo inusitado. Gosto de tomar água e comer arroz. Sou mais xamãs que médicos. Prefiro terra a asfalto. Tomo chuva sempre que posso. Conto as estrelas sempre que as nuvens permitem. Sou complicada. Costumo encontrar a perfeição no imperfeito, no rasurado; lá estão minhas palavras rabiscadas à tinta. Sou boazinha demais, mas não abuse, ou verá meu outro eu. Prefiro os vilões, mas sempre torço pros mocinhos no fim. Não sou hippie, nem roqueira, nem indie. Sinceramente nunca consegui me identificar plenamente com quaisquer grupos, nunca consegui me entender.

Às vezes sofro comigo mesma. Sou meu maior orgulho, e minha maior decepção também. Sou insegura, mas algumas vezes posso me achar a dona da vez. Sou contraditória. Leio ficção. Gosto de Beatles, Nirvana, Hole, Sigur Ros, Radiohead, Chico Buarque e Lady Gaga.

Sou complexa, mas posso parecer tão simples. Um dia viajarei para a Amazônia., tomarei tequila até desmaiar, publicarei um livro e comprarei uma guitarra Les Paul. Um dia comprarei e lerei Cosmos (quando voltarem a editá-lo). Um dia irei a um show de folk-metal... Farei isso, se tudo der certo.

Tudo o que eu já fui me interessa, e muito, porque o que sou deriva do que fui. E o que sou? Não sei. E o que fui? Também não sei, e sinceramente prefiro não saber. Fui tantas coisas, tantos nadas e tantos tudos. Tão moderna e tão antiquada. Isto ainda sou, por enquanto, já que sou total desconhecedora do próximo instante. E é por isto que acho a vida tão fantástica: ela é uma caixinha de surpresas. Ela é miraculosa, e o miraculoso me atrai.
Pareço tranquila, mas sou um turbilhão, feroz. Sou inconstante. Escrevo textos, e depois rasgo-os e jogo-os fora. Nunca parecem tão bons naquele instante, mas se os guardo até o dia seguinte, eles se transformam num bom texto. Falo palavrões e gosto dos Beatniks. Chega. Parerei. Estou enjoada de mim. Assumo. Sou uma garota de limites, ou pelo menos tento ser. Gosto de falar de mim. Síndrome de piseudo-escritor egocêntrico, anti-reforma ortográfica. Enjoei. Vou me esfacelar. Até mais. Defini vagamente, porque penso que sei algo, mas na real, não sei nada.


De mim para mim.


Escrito à moda antiga, com tremas e chorumelas, numa noite obscura e confusa, ao som do silêncio.

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