O Trovador Solitário



Há exatos cinquenta anos, nascia no Rio de Janeiro, Renato Manfredini Júnior, mais conhecido como Renato Russo. Um trovador solitário, poeta e líder de uma das maiores bandas brasileiras: Legião Urbana.

Na infância, era conheItálicocido como Juninho. Garoto introvertido, que rabiscava com Giz. Nos tempos da ditadura militar, mudou-se para Brasília, e encantou-se por ela. Comoçou a ter aulas de violão na adolescência e tornou-se líder da "Fordy Second Street Band", que por sinal, era aclamada pelo sucesso, e também era imaginária.

Ao completar dezoito anos, Renato assume sua homossexualidade. Algum tempo depois, começa a lecionar Inglês, e a cursar Jornalismo. E em 1978, funda sua primeira banda real: Aborto Elétrico. Inicialmente tocava baixo, mas quando André Pretorius, até então guitarrista da banda, foi prestar serviço militar na África do Sul, Renato troca o baixo pela guitarra. E nesta mesma época de "punk elétrico" foram compostos os hits Que País é Esse? e Geração Coca-Cola, tornando-se hinos de uma geração revolucionária.

A banda de punk-rock, Aborto Elétrico, foi "abortada" em 1982, devido a desentendimentos entre seus integrantes e por uma baqueta atirada pelo baterista da banda. Fê Lemos, Ico Ouro-Preto, Flávio Lemos e Renato Russo, inspiraram o surgimento de várias bandas, dentre elas destacam-se: Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude.

Com o fim da banda Aborto Elétrico, Renato Russo, começa a fazer aprensentações solo, se auto-denominando como "Trovador Solitário". Mas esta solidão musical durou pouco tempo. E como Renato queria mesmo era formar uma nova banda, em 1982 nascia a Legião Urbana.

Com treze álbuns lançados, e mais de vinte milhões de discos vendidos, a banda Legião Urbana, foi uma das bandas brasileiras que alcançaram um maior sucesso. Inspirado nos Smiths, Cure e Joy Division, Renato compunha as canções da Legião.

A formação original da banda, até então, não apresentava o renomado Dado Villa-Lobos na guitarra. Dado passou a integrar a banda em apenas 1983, com a saída de Eduardo Paraná, e logo depois de Ico Ouro-Preto, irmão de Dinho Ouro-Preto. A última e mais conhecida formação da banda de Renato Russo, traz o mesmo como violonista, tecladista, baixista e vocalista, Dado Villa-Lobos na guitarra, violão, além de alguns instrumentos de percurssão, e Marcelo Bonfá, baterista e percussionista.

A banda atingiu seu ápice em 1988, após o lançamento de hits como: Eduardo e Mônica, Índios, Quase sem Querer, Faroeste Caboclo e Angra dos Reis. Em 1989, vieram novos hits, como Pais e Filhos e Monte Castelo. Neste mesmo ano, Renato tornou-se pai de Giuliano, fruto de uma relação com uma fã.

Em 1991, lançou o disco V, e descobriu ser soropositivo. Num momento complicado de sua vida, o músico enfrentou problemas com o alcoolismo, e na relação com o namorado americano. Depois de um disco melancólico, Renato iniciou seu tratamento para se livrar da dependência química. No disco de 1993, O Descobrimento do Brasil, os sentimentos se mesclam e se confundem, trazendo fortes críticas, e sendo considerado por muitos fãs, um álbum delicado.

Nos últimos anos de vida, Renato produziu compulsivamente. Lançou discos solos em outros idiomas, entre eles o italiano, que o músico disse ter se identificado rapidamente, pelo estilo melódico. Em 1995, a Legião faz seu último concerto, e três meses antes de morrer, Renato grava o disco Tempestade, trazendo densas músicas como 1° de Julho e Via-Láctea.

"Era muito triste e trágico, perceber que aquela pessoa estava indo embora para sempre, e aquela pessoa justamente, que traçou seu rumo e que tem uma influência muito grande no que você faz e no que você é hoje", comenta com saudades, o amigo e guitarrista, Villa-Lobos, sobre o estado debilitado que passou Renato, ao enfrentar a aids.

Em 1996, aos 36 anos, o talentoso poeta e músico, expira. Deixando-nos órfãs de sua voz grave, de suas letras repletas de poesia, e de seu grandioso talento.

Renato se foi, mas nos deixou um acervo maravilhoso de canções, e além delas, deixou-nos seu legado, de honestidade e principalmente de amor. Pois Renato, mais que ninguém, sabia que só a verdade liberta, e que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se pararmos pra pensar, na verdade não há...

Um comentário:

Juliana Skwara disse...

Obrigada pelo carinho e pelo apoio. Seu texto está lindo. Sempre fui muito fã de RR. Tenho uma big notícia. Passei p faculdade pública. Agora sou estudante de letras na ufrj. Consegui. Nem acredito. Agora tudo começa. saudades, bjus