Espírito Copalino


É incrível como o brasileiro tem uma profunda admiração por futebol, admiração ou fanatismo, pode chamar este espírito súbito nacionalista do que quiser, sinta-se a vontade. Mas, vamos prosseguir no assunto: brasileiro possui um mais alto grau de espírito copalino. (Copalino, provém de Copa do Mundo, ou do latim de Natal, com natalino, junta-se com o grego, resulta em Copalino, e blá blá blá). Sem filosofias baratas, ou ortografias gregas, vamos direto ao ponto: Brasileiro só é brasileiro na Copa do Mundo, e tenho dito. É na Copa que todo mundo quer cantar o hino, que todo mundo veste camisas da cor da bandeira, e até desenterram aquela bandeirinha mofada no fundo da gaveta que usou na Copa de quatro anos atrás.


Pude comprovar isto depois da escola, voltando para casa, quando me deparei com umas 4324234 pessoas trajadas especialmente para assistir o Mundial. Todos muito verdinhos e amarelinhos, ostentando um "Brasil" em letras garrafais no peito, com direito até a orgulho de ter nascido em terras tupiniquins. É nessa hora que brasileiro canta que é brasileiro com muito orgulho e com muito amor.


Se tudo isso ocorre antes da partida, como uma preparação para o jogo propriamente dito, no início da partida a situação "piora", e piora elevando-se ao cubo. Primeiramente vem os infernais fogos, que são verdadeiras poluições sonoras, e que ainda não descobri para que servem. Depois, surgem as buzinas, e agora as chamadas "vuvuzelas" que já viraram símbolo da Copa da África do Sul. Além de todos estes fatores, quando é jogo da seleção canarinha, comércio não abre. Trabalhadores voltam para casa, e se o patrão não dispensar, é briga, na certa, com direito a processo jurídico e tudo. É obrigação assistir ao jogo. Fico imaginando se um cidadão por infelicidade infarta vendo o Brasil jogar, como é que fica? Morre, na certa. Porque duvido até que o hospital funcione em dias de jogo.


"Tem gente infartando? Porra. Já falei Margareth que só é pra me chamar em caso de urgência, não tá vendo que eu to aqui assistindo a Copa?" - diz o médico irritado.


É meus caros, Brasil é assim, Carnaval e Copa do Mundo, o país pára, sofre um dramático pause, e só volta a funcionar dez dias depois que termina um desses dois acontecimentos, quando alguém resolve apertar o play.


Nacionalismo? Só em dias de Copa. Brasileiro usa jeans, come no McDonald's, ouve Black Eye Peas, e toma Coca Cola, mas o patriotismo está no sangue no Mundial, só no Mundial, não se esqueçam. Depois de dez dias do fim da Copa do Mundo, brasileiro volta a sua vida normal, esconde sua camiseta verde e amarela, guarda a bandeirinha meio rasgada, vota em branco nas eleições, acata os políticos de direita, adota o conformismo como meio de vida, e joga o nacionalismo fora, na primeira lata de lixo que encontrar.


Uma pequena nota:


A autora do post vestiu camisa verde e amarela, assistiu ao jogo, chorou ao ouvir o hino nacional, e torceu loucamente pelo Brasil, se contentando com uma vitória de 2 x 1 em cima da Coréia do Norte. Porra, ela também é brasileira, e segue a regra com afinco e espírito copalino.



5 comentários:

Mariana Andrade disse...

pois é, é época de farrear pelo país, e todo mundo fica patriota, mas eu não me ligo muito, sou a exceção da vez para essa regra ;)
Beijos, cuide-se.

lolla linkin(: disse...

oooi,obg por passar lá no meeu blog ;
desculpa a demora para responder ;P
um ótimo domingo *-*
_baiser_

Rafael Sperling disse...

Olha, eu não acho que o que você está chamando de nacionalismo seja nacionalismo. Torcer pra um time de futebol chamado Brasil não te torna nacionalista; pode até parecer à primeira vista, mas se parar para refletir não é.
Bjs

Bill Falcão disse...

A arrogância do torcedor brasileiro sempre me irritou. É como se não fosse preciso fazer a Copa. Bastava entregar a taça pro Brasil e pronto. Ninguém perdia tempo vendo uma Copa que já teria um vencedor anunciado.
Este ano, porém, fiquei satisfeito em ver que parte de nossa imprensa esportiva reduziu sua tradicional arrogância. Já não dizem mais que o Brasil deveria ganhar todas as Copas. Reconheceram que outros países também fazem boas seleções.
Claro, se assim não fosse, como a Itália seria tetra? E a Alemanha, que é tri?
Argentina e Uruguai ganharam duas vezes.
Tem brasileiro que acredita que só o povo daqui fica feliz e sofre com o futebol. Como se o resto do planeta fosse habitado por alienígenas que detestam futebol. Isso é o que eu acho mais impressionante, quando penso em Copa do Mundo.
Bjooo!!

Bill Falcão disse...
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