Seus olhos eram um abismo profudo. Tão negros, que num descuido, eu poderia me afogar. Seu cheiro, uma mistura eloquente, de almíscar, desejo e âmbar. Nos entrelaçávamos, entre medos e anseios. Nos abraçávamos, pele morna, entre beijos. Seus grossos fios de cabelos, enroscavam-se nos meus. Não havia nada além de nós, apenas estrelas e breus. A lua cintilava, angustiante, dependurada sobre o céu. Por entre árvores esvoaçantes, pontos brilhantes cortavam em rajadas cadentes e sibilantes, iluminando, em meio-lume a poeirenta estrada. Estávamos ali. Éramos dois, éramos um. Uma porção de uns. Apenas dois. Sentia sua respiração ofegante em meus pescoço, seus gemidos contidos em alvoroço, sua mão insaciável por me percorrer. Havia beleza estridente, gritante, entre atos e não hiatos, entre carícias e respirações.
Rapidamente, se desprendeu de mim. Tão abrupto, tão confuso, sentou-se. Eu o olhei, e pela primeira vez não tive medo, e me afoguei em seus olhos. Não houve nada. Apenas silêncio e afogamento. Não houve misericórdia nem salvamentos. E eu morri ali, naqueles olhos que me afogaram, entre poros que se dilataram, e gostas de suor que me molharam. Morri ali. Naquele instante, entre a lua e os arvoredos, entre poeiras e breus. Um só. Você e eu.
Um comentário:
quantas imagens em tão poucas palavras, cheias de poesia!
Muito bom! gostei demais do blog!
abraços libertários
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